terça-feira, 7 de maio de 2013

A trajetória de Kevin Souza: da decepção com o Boxe ao título no Jungle Fight


Kevin Souza faturou o cinturão dos penas (Foto Eduardo Ferreira)
Kevin Souza faturou o cinturão dos penas do Jungle Fight e se juntou a nomes como Erick Silva, Iuri Marajó, Ildemar Marajó e John Lineker, que também fora campeões do evento e atualmente estão no UFC. Com o título, conquistado na última sexta-feira (26) com um belo nocaute sobre Fabiano Soldado, seria normal que o baiano radicado em Florianópolis já pensasse em uma chance no Ultimate, mas Kevin ainda não cria essa expectativa.
“É inexplicável ter conquistado esse cinturão. Não tenho uma palavra para definir isso. É uma coisa fora de série, algo realmente desejado, o ponto alto para todo lutador. Todo mundo que tocou nesse cinturão chegou lá na Copa do Mundo do MMA (o UFC). Não estou criando expectativa de que isso vá acontecer comigo, mas vou manter meu trabalho, os pés no chão, voltar para casa e continuar treinando para o caso de pintar essa oportunidade”, disse com muita humildade o lutador.
Apesar do sucesso alcançado com o título, Kevin revela que não gostava de MMA e que seu sonho era ser campeão olímpico no Boxe. Foi uma derrota de seu professor, Kelson Pinto, que o fez desistir da ideia. “Eu odiava o MMA. Meu sonho sempre foi ser um campeão olímpico e seguircarreira no Boxe. Por ironia do destino, as coisas mudaram”, disse Kevin relembrando a derrota de Kelson Pinto que, na disputa do título mundial da WBO, em 2004, foi nocauteado por Miguel Cotto e perdeu a invencibilidade no Boxe.
“Isso me emocionou muito e ao mesmo tempo me deixou muito frustrado, ver um cara em quem eu me espelhava não conseguir alçar voos maiores por causa de uma derrota. Ele bateu em todo mundo e, por uma derrota, deixou de ser “o cara”. Isso me desanimou muito”, relembra o baiano.
Pupilo de Thiago Tavares, lutador peso-leve do UFC, Kevin Souza venceu 14 de suas 17 lutas (Foto Fernando Azevedo)
A derrota de seu professor fez Kevin mudar de profissão temporariamente. Ele se arriscou atrabalhar como barman, até que Kelson foi morar no Rio e o levou para a cidade maravilhosa, em 2008, e ele retomou a carreira no Boxe. “Fui morar no CT (da Team Nogueira), acordava todo dia todo melado de poeira, eu, (Thiago) Jambo e Cesar Monstro. No mesmo ano, conheci o Thiaguinho (Tavares), que foi o divisor de águas. Não sabia que ele teria tanta importância na minha vida”, relembra, contando como foi parar em Florianópolis.
“O Thiago voltou para Florianópolis e eu fui para Guarulhos seguir minha carreira no Boxe e correr atrás do meu sonho. Eu estava bem, ganhando tudo o que é tipo de campeonato, só que odinheiro não vinha. Toda vez era tapinha nas costas, e chegava no fim do mês eu não tinha um real no bolso. Um dia entrei na internet com o pouco dinheiro que tinha, faltavam 10 centavos para acabar meu crédito, e entra o Thiaguinho: ‘Está por onde, meu galo?’. Falei que estava em Guarulhos, e eu querendo alguém para me tirar dali, porque eu não tinha dinheiro para ir embora. E foi quando eu passei os meus dados para o Thiago, e ele me mandou uma passagem para Florianópolis”.
Kevin Souza nocauteou no primeiro round (Foto Fernando Azevedo)
Com a passagem na mão, Kevin levou 12 horas para chegar em Floripa, e sem um real no bolso. “Só tomava água da torneira do banheiro do ônibus. Cheguei lá morrendo de fome”. A ajuda de Thiago Tavares definitivamente mudou a vida de Kevin, que faz questão de lembrar e agradecer o tempo todo.
“O caminho que trilhei para estar aqui foi graças ao Thiago. Ele era o cara que me incentivava, dizia que eu tinha potencial para ser um lutador de MMA. Eu o ajudava no treino de pé, aí ele botava para baixo e zerava tudo. O cara tocava na minha perna e eu caía que nem manteiga. Um ano depois, defendi uma queda do Thiago e uma do Nazareno (Malegari). Quando acabou o treino e o Thiago me chamou no canto: ‘Você está pronto’. Isso foi em 2009. Fiz minha estreia e com 15 segundos de luta nocauteei um cara em um evento em Joinville. Daí em diante não parei mais, e estou aqui hoje com esse cinturão na mão, comemorando muito e feliz da vida”, finalizou o lutador, que em 17 lutas venceu 14, sendo 13 delas por nocaute.

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