terça-feira, 10 de julho de 2012

A ESSÊNCIA DO JIU-JITSU








A VERDADEIRA ESSÊNCIA DO JIU-JITSU

          É triste constatar a seguinte realidade: se você acha que pratica o verdadeiro Jiu-Jitsu, saiba que provavelmente não é verdade. O verdadeiro Jiu-Jitsu está morrendo. Salvo raras excessões, aquela arte marcial, mais eficiente que todas as outras, tal como sempre ouvimos falar, quase não existe mais. Não digo que o que você aprende hoje em dia não seja suficiente para se defender e até fazer bonito em cima de um fanfarrão qualquer, mas: você sabe defender-se de um ou mais agressores em uma briga de rua? Ou você nunca treinou defesa pessoal, acreditando que na hora pensará em alguma coisa? Não se engane. Em se tratando de luta, como diziam os antigos mestres, ou você sabe ou não sabe. Se não treinou, não sabe, ponto.

          O antigo judô, ou Kano Ju-Jitsu, era uma arte marcial completa, derivada do antigo JuJutsu (arte marcial sem armas praticada pelos antigos samurais). Mestre Kano criou uma arte marcial e não um esporte como alguns fazem crer. Inclusive o Jiu-Jitsu desenvolvido pela família Gracie, no Brasil foi ensinado a Carlos Gracie por por Mitsuyo Maeda, o Conde Koma, que treinou a arte suave na Academia Kodokan de Jigoro Kano lá no Japão. Então, fica a pergunta: O que ocorreu com o Judô afinal de contas? Foi exatamente o mesmo que vem acontecendo com nosso Brazilian Jiu-Jitsu na atualidade: Uma arte marcial quando vira esporte, acaba sucumbindo a tantas regras que perde sua marcialidade. Se por um lado a arte marcial sendo divulgada como esporte atrai mais e mais adeptos buscando a tal arte marcial perfeita, por outro lado, as academias visando apenas medalhas e títulos ensinam cada vez menos o que os alunos mais ansiavam num primeiro momento (olha a redundância aí!). Hora, aquele aluno que sempre ouviu falar que o Jiu-Jitsu é a arte marcial mais eficiente do mundo acaba por empolgar-se realmente quando tem contato com ela (afinal Jiu-Jitsu é empolgante mesmo) mas sem saber, acaba praticando apenas uma das várias vertentes do jiu jitsu, ou seja, a parte esportiva que visa apenas testar conhecimento na arena entre os atletas. Se o professor não for muito consciente da rara oportunidade que tem nas mãos, de desenvolver seres humanos cada vez mais fortes e confiantes, não passará para eles a parte de defesa pessoal do jiu jitsu que é o que realmente interessa. Vejamos o que o grande mestre Hélio Gracie disse a respeito quando ainda em vida em entrevista à Fightingnews:

“O Jiu-Jitsu que criei foi para dar chance aos mais fracos enfrentarem os mais pesados e fortes. E fez tanto sucesso, que resolveram fazer um Jiu-Jitsu de competição. Gostaria de deixar claro que sou a favor da prática esportiva e da preparação técnica de qualquer atleta, seja qual for sua especialidade. Além de boa alimentação, controle sexual e da abstenção de hábitos prejudiciais à saúde. O problema consiste na criação de um Jiu-Jitsu competitivo com regras, tempo inadequado e que privilegia os mais treinados, fortes e pesados. O objetivo do Jiu-Jitsu é, principalmente, beneficiar os mais fracos, que não tendo dotes físicos são inferiorizados. O meu Jiu-Jitsu é uma arte de autodefesa que não aceita certos regulamentos e tempo determinado. Essas são as razões pelas quais não posso, com minha presença, apoiar espetáculos, cujo efeito retrata um anti Jiu-Jitsu”.

           Remexendo em minha coleção de revistas sobre jiu jitsu, acabei me deparando com um artigo escrito por João Pedro Guimarães na revista GRACIE Magazine #97 datada de fevereiro de 2005. É incrível como naquela época eu não dei a mínima para este artigo por ser fã , quase que exclusivamente da parte esportiva do jiu jitsu. Mas como tudo na vida muda, abri meus olhos e acabei repensando minha postura em relação a arte suave e como que por um milagre do destino, me deparei com esta excelente matéria que hoje tem tudo a ver com o que eu realmente acredito: o jiu jitsu foi criado para ser a mais eficiente arte marcial de todos os tempos e não podemos renega-la a simples esporte assim como vem fazendo o Judô.

Mas chega de balelas e vamos à matéria.  E por favor, lembrem-se que o futuro de nosso esporte depende de cada um de nós. Queiram que seu professor ensine mais que passar guarda, pessam que lhe ensinem como defender-se de um soco, uma paulada e etc… Só assim manteremos viva a chama do Jiu-Jitsu marcial.

EM BUSCA DO JIU-JITSU, por João Pedro Guimarães, para a revista GRACIE Magazine #97 (fevereiro 2005).

A mais eficiente arte marcial jamais criada virou apenas esporte e se desligou totalmente de suas raízes; um ensaio sobre defesa pessoal, filosofia, lutas sem limite de tempo e os males do MMA

          Se você está com esta edição de GRACIE Magazine nas mãos, é bem provável que seja um praticante ou pelo menos um entusiasta do Jiu-Jitsu. Bacana. No entando, sinto informar que – salvo raríssimas exceções – aquilo que você acredita ser Jiu-Jitsu pouco tem a ver com a arte marcial desenvolvida pelos antigos japoneses e revolucionada (tavez até recriada) por Carlos e Hélio Gracie, por seus familiares e discípulos.

          Mas como pode isso? Afinal de contas, você treina com um faixa-preta que já lutou campeonatos, que lhe ensinou a dar quedas, chaves de braço, raspagens etc. Se ele não soubesse Jiu-Jitsu, não seria faixa-preta, jamais teria ganhado uma competição e não estaria dando aulas numa academia, certo? Mais ou menos.

          Hoje em dia, quando se fala em Jiu-Jitsu, invariavelmente o que vêm à cabeça são campeonatos, como os famosos mundiais e pan-americanos. Isso porque a arte marcial foi reduzida à modalidade esportiva. Quando um aluno se matricula numa academia para aprender a se defender, a ele só será ensinado o Jiu-Jitsu de competição (lembre-se: salvo raras exceções!). Mesmo se jamais for competir. Nada contra o esporte, mas o que aconteceu com os outros elementos que fazem do Jiu-Jitsu a arte marcial mais eficiente de todos os tempos?

Por que a defesa pessoal é fundamental

          Décadas atrás, as aulas na Academia Gracie eram particulares e seguiam um programa estruturado de defesa pessoal. A idéia era dar ao aluno um conhecimento prático e real de como utilizar a técnica do Jiu-Jitsu para se defender de um agressor maior e mais forte. Em entrevista concedida em 1998, o profesor Helio Gracie explica bem esse conceito: “O Jiu-Jitsu que eu criei não é um esporte de competição. Eu nunca fui um competidor. Sempre fui um galinha-morta, era fraco, pesava 60 e poucos quilos. Nunca tive as qualidades físicas para criar um método de competição. Todo competidor é um atleta. Eu nunca fui atleta. Mas criei a Federação para que o Jiu-Jitsu tivesse uma projeção oficial, para destacar a minha arte. Acontece que o meu Jiu-Jitsu é uma arte de defesa pessoal. É para briga. É para proteger o cidadão, o homem de mais idade, o jovem fraco, uma criança, uma senhora, uma moça de ser amanhã dominada e apanhar de um vagabundo qualquer porque não tem condições atléticas para brigar”.

          É claro que se você também estiver interessado em competir, o lado esportivo do Jiu-Jitsu é uma ótima alternativa. Mas isso não quer dizer que a defesa pessoal, por não ter muito uso na arena esportiva, deva ser deixada de lado. Eis aqui um bom exemplo: quantas formas de passar a maia-guarda você conhece? E quantas maneiras de escapar de um agressor que está lhe aplicando uma “gravata de porteiro”? Não me surpreendo se as respostas forem 10 e 0, respectivamente.

          Eu aprendi essa lição durante um episódio curioso e que mudou a minha maneira de entender o Jiu-Jitsu. Estava com o editor de GRACIE Magazine, Luca Atalla, na casa do professor Helio Gracie, em Itaipava, Região Serrana do Rio, fazendo uma das diversas sessões de entrevistas que culminaram no artigo sobre a vida do Mestre (edições 49, 50 e 51). Lá pelas tantas, ao falar sobre defesa pessoal, professor Helio colocou as mãos no meu pescoço e perguntou se eu sabia como sair daquele ataque tão comum nas ruas. Tentei improvisar alguma coisa que não funcionou, e fui repreendido ali mesmo. Bem ao seu estilo, ele me pediu que agarrasse o seu pescoço da mesma forma. “Aperta o máximo que você puder”, pediu em tom sério. Fiquei maio sem graça, mas obedeci e fui brindado com um dos exemplos mais claros da filosofia do Jiu-Jitsu Gracie: “Mínimo esforço para máxima eficiência”. Num movimento extremamente simples, Mestre Helio se desvencilhou das minhas mãos e abriu um sorriso. Que vergonha, me senti um lixo.

          “Mínimo esforço para máxima eficiência”, já ouviu falar? Bem, eu já tinha ouvido falar, mas demorei a realmente entender o que este conceito significa. Escolha cada movimento de maneira inteligente, meça a quantidade de força a ser usada, faça com que seu adversário constantemente utiliza mais energia do que você. Resumidamente, encontre o modo mais fácil de atingir o seu objetivo. Portanto, voltando às “gravatas de porteiro”, de que adianta ser o melhor passador de meia-guarda do mundo se, ao ser atacado com esse golpe de nome engraçado e executado por um leigo você vai se debater para sair?

          Calma. É evidente que, mesmo sem saber a maneira correta de escapar, você pode acabar se desvencilhando da gravata e conseguir usar o Jiu-Jitsu de competição para dar uma surra no seu agressor. Não duvido disso, mas só quero ressaltar que da mesma forma que você busca a técnica mais eficiente para passar uma meia-guarda na academia ou num campeonato, também deve procurar ter em seu arsenal a maneira mais eficiente de se livrar de uma gravata grosseira, por exemplo. Caso contrário, se a sua preocupação é so com as técnicas ligadas à competição e não com a defesa pessoal, praticar Jiu-Jitsu, Karatê, ping-pong ou vôlei acaba sendo praticamente a mesma coisa: um jogo.

MMA é outra coisa

          O Jiu-Jitsu e as artes marciais em geral mudaram muito ao longo dos últimos dez anos. Em 1993 Royce Gracie abriu os olhos do mundo para a incrível eficiência da arte de sua família em combates de vale-tudo. Ficou claro que, num confronto quase sem regras contra um oponente maior e mais forte, a melhor opção é, sem dúvida nenhuma, usar o Jiu-Jitsu. E não me refiro somente às técnicas esportivas, mas sim ao “Jiu-Jitsu de briga” que a família Gracie e seus seguidores desenvolveram na prática. Mitos e lendas foram por água abaixo nos Estados Unidos, no Japão e no resto do mundo. Mas para nós, aquilo não era nenhuma novidade, afinal de contas o Jiu-Jitsu sempre reinou absoluto pelo Brasil.

          A febre do vale-tudo varreu o planeta, e mais e mais eventos começaram a aparecer por toda parte. Não demorou para que o “Anything Goes” gringo se transformasse em “Mixed Martial Arts“, tomando uma forma universal e seguindo quase que as mesmas regras e regulamentos. Não importa qual o seu show preferido. Pride (à época deste artigo o Pride fazia muito sucesso no Japão e no mundo), Ultimate ou Meca, todos utilizam rounds, jurados e luvas. Evidentemente esses fatores ajudaram a criar um produto mais vendável e adaptável para as trasmissões de televisão. Mas a essência do vale-tudo foi perdida.

          Veja bem: com limite de tempo, você treina e se prepara para dar o seu máximo naqueles 15 ou 20 minutos de luta. Não havendo finalização ou nocaute, três “experts” vão determinar quem merece a vitória. E as luvas, aquelas almofadas para as mãos? Basta imaginar o que aconteceria com a mão de Fedor Emelianenko após lançar uma de suas bombas na cabeça do nosso Rodrigo Minotauro para entender o meu ponto.

          Essa mutação do vale-tudo chamada MMA se parece com a idéia original, mas é de fato algo bem diferente. Virou esporte. E como tal, seus competidores treinam para fazer o melhor uso das regras e vencer. A preparação física é intensa e fundamental, pois para pisar num ringue hoje em dia é preciso ter o máximo de força, explosão e resistência durante todos os rounds. Quando  os lutadores começam a achar que não vão conseguir definir o combate antes do tempo acabar, passam a visar o melhor posicionamento para garantir a decisão dos jurados. Isso geralmente se traduz em derrubar e ficar amarrando por cima, dando socos para “contar pontos”. A coisa ficou tão séria que certos prifissionais do vale-tudo são especialistas em vencer por pontos. Competidores profissionais. É lógico que finalizar ou nocautear não são tarefas fáceis, mas não há nada mais contrário à filosofia da arte marcial do que um combate onde os lutadores querem vencer por decisão dos jurados.

          Da mesma forma que os primeiros UFCs redefiniram a maneira de se encarar uma luta (quase) sem regras, o sucesso atual dos eventos de MMA vem afetando muito o entendimento do Jiu-Jitsu e de como este deve ser usado durante um combate. O vale-tudo original – sem limite de tempo, luvas, rounds ou jurados, e somente banindo mordidas e ataque aos olhos – é o mais próximo que se pode chegar de uma briga de verdade. Já está mais do que provada a eficiência do Jiu-Jitsu sob essas condições. Exatamente por causa disso, hoje em dia não há lutador de MMA que não treine Jiu-Jitsu ou algum de seus subprodutos, como “submission wrestling” ou “grappling”. Nessa arena profissional, todos os atletas procuram se tornar completos, praticando também outras  modalidades como boxe, wrestling e muay thai. Quanto mais ferramentas para usar no ringue, melhor.

          Mas e se você não tem nenhuma intenção de pisar nun ringue ou octógono? O cross-training só é importante para um profissional de MMA ou então para alguém que resolve dedicar sua vida e seu tempo à prática de diversas artes marciais. Para o cidadão comum que não é atleta (a grande maioria), só mesmo o Jiu-Jitsu oferece condições reais para que ele se defenda de um adversário maior e mais forte na rua. O que acontece no ringue do Pride (ou UFC, Strikeforce), por exemplo, não se aplica a mim, à minha namorada, ao meu avô ou ao meu irmão de 13 anos. Como diz um sábio: “Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.

Jiu-Jitsu é de Kimono. Ponto.

          Um dos mitos que o Mixed Martial Arts ajudou a criar é o de que todo mundo precisa treinar sem kimono. Acontece que o Jiu-Jitsu é de kimono, ponto. Treinar sem a vestimenta é interessante e divertido, abrindo os seus olhos para outros tipos de pegada, variações de diversos golpes e um jogo muito mais rápido. Mas está longe de ser fundamental para o aluno comum que não tem nenhuma pretansão de ir lutar o ADCC. O kimono reproduz, com um material forte o suficiente para resistir ao abuso dos tatames, as roupas que qualquer mortal usa no dia-a-dia. Mesmo num país tropical como o Brasil. E caso algum dia você esteja passando por um beco escuro e se depare com um sujeito suado e vestindo apenas uma sunga, sugiro que corra o máximo que puder e evite a todo custo se embolar com a figura.

          Portanto, como os atletas atualmente só treinam aqueles elementos diretamente ligados às regras do esporte MMA, o Jiu-Jitsu que carregam para o ringue é também um sub-produto do verdadeiro Jiu-Jitsu. Sem entrar nos méritos individuais de cada um, a razão do seu sucesso no que diz respeito à luta no chão se deve a dois fatores brilhantes do Jiu-Jitsu: e eficiência dos golpes e a lógica da movimentação. O primeiro é fácil de entender. Estrangulamentos e chaves de pé, por exemplo, quando bem aplicados, são extremamente eficientes. O segundo se refere à forma de se treinar Jiu-Jitsu e ao senso de direção que isso oferece ao praticante. Primeiro você encurta a distância para evitar tomar socos e chutes. Do clinche passa para a queda. Uma vez no chão, começa a buscar passo-a-passo posições cada vez melhores, até chegar a uma situação onde possa finalizar a luta. Naturalmente, por treinar de acordo com esta lógica todos os dias, em todos os momentos o lutador de Jiu-Jitsu possui um claro senso de direção e o conhecimento técnico para implementar sua estratégia de maneira eficiente. Em constraste, outras artes marciais oferecem pouco mais do que a idéia de “bater até o adversário cair”.

O segredo está na filosofia

          A genialidade do Jiu-Jitsu vai muito além dos incríveis golpes utilizados. É exatamente a maneira de se encarar um combate que coloca o Jiu-Jitsu acima de todas as outras artes marciais. Nosso objetivo não é alcançar posições ou marcar pontos, e sim fazer o oponente se render. Com esta idéia em mente e a filosofia de “mínimo esforço para máxima eficiência”, a técnica do Jiu-Jitsu adaptado no Brasil pelos Gracie foi se transformando e ficando cada vez mais refinada. E usando esta combinação para determinar a sequência de movimentos e a estratégia geral que rege cada combate, o lutador de Jiu-Jitsu fica, inegavelmente, muito próximo da vitória. Mestre Helio, que durante anos testou sua arte no campo de batalha, vai além: Para bater o Jiu-Jitsu, só mesmo sabendo Jiu-Jitsu ou por acidente. (…) Se lutar cem vezes, pode perder uma ou duas, ma ganha 98, ganha 99″. Certa vez, durante uma entrevista, Fábio Gurgel, um dos maiores nomes do esporte, fez uma observação iteressante sobre o assunto: “O Jiu-Jitsu é uma arte perfeita, mas o ser humano erra”.

          Muitos anos atrás, durante um de seus concorridos seminários nos Estados Unidos, Rickson Gracie deu uma explicação que sintetiza de maneira perfeita a filosofia do Jiu-Jitsu. Para demonstrar a eficiência de uma montada durante um combate, ele colocou um aluno sobre alguns dos participantes do seminário, que era composto quase que totalmente por praticantes de outras artes marciais sem experîência em Jiu-Jitsu. Propositalmente, todos os escolhidos eram maiores e mais fortes que seu aluno. O primeiro se debateu mas não conseguiu sair. O segundo explodiu como um touro bravo, e eventualmente inverteu a situação, caindo por cima. Rickson então pediu para que o cara tentasse novamente, dessa vez contra ele próprio. Em poucos segundos, o grandalhão tinha dado as costas e era pego com um mata-leão. O mestre explicou que pior que a montada, só mesmo dar as costas. E reiniciou o exercício, desta vez optando por apenas manter seu oponente por baixo, sem sequer buscar uma finalização. Após quase um minuto explodindo direto e sem chegar a lugar algum, o sujeito, bufando fortemente, se deu por vencido. Rickson então sentou-se em meio ao grupo de quase 50 pessoas e fez uma análise:

“Bem, esta é a idéia que eu queria passar para vocês. Porque ele (aponta para o grandalhão) é duro, mesmo sem o Jiu-Jitsu. Não quero dizer que se você não escapar com a técnica do Jiu-Jitsu, não vai conseguir escapar. Eu tento dar algum tipo de problema, e ofereço a posição mais fácil, a maneira mais fácil de sair. Ele é duro e eu acho que é muito difícil para qualquer um segurá-lo por baixo, mas vamos supor que quem está montado sobre ele pese 120 quilos. Aí fica diferente, fica pior. Vamos supor que ele esteja se recuperando de uma gripe, que tenha passado duas semanas de cama e esteja sem muita resistência. Vai se debater um pouco e ficar exausto.  O ponto é que se pudermos utilizar alavanca em cada opção, em cada confronto, isso vai tornar as coisas mais fáceis. O que nós buscamos quando lidamos com um oponente que não conhecemos é sempre a maneira mais fácil de enfrentá-lo. Porque vocês não devem vir aqui (ao seminário) para tentar fazer como ele fez. Aquilo é desperdício de energia. Funciona, é verdade, mas se você inverter as condições e colocá-lo numa situação inferior, ele precisa ter opções mais  fáceis. E vocês estão aqui para aprender a melhor maneira, e não para gastar as suas habilidades pessoais. Porque algumas pessoas já nascem duronas. São fortes, rápidas ou têm um bom instinto para brigar. E essas qualidades isoladas já representam 50% de qualquer briga de rua. Mas em condições adversas você precisa ter mais do que isso”.

          Em outras palavras, não importa se você é atleta ou não, se é faixa-preta ou azul. Seguindo a filosofia do Jiu-Jitsu, vai se transformar num lutador mais eficiente. Aplique esta mesma filosofia em todos os outros aspectos de sua vida, e um novo universo se abrirá aos seus pés.

______________________________________________________________________________________________________

* João Pedro Guimarães foi repórter especial de GRACIE Magazine de 1999 a 2003 e editor da revista “NOCAUTE” em 2002. Atualmente é correspondente na Europa, e dá aulas de Jiu-Jitsu em Copenhagen, Dinamarca.

* Bibliografia:

Livro “Brazilian Jiu-Jitsu: Theory and Technique”, por Renzo e Royler Gracie, John Danaher e Kid Peligro.

Vídeo: “Helio Gracie: The Father of Brazilian Jiu-Jitsu”.

Revista: “Gracie Magazine”.
http://jiujitsuuberlandia.wordpress.com/category/a-verdadeira-essencia-do-jiu-jitsu/





Muito interessante essas observações dadas acima , como e escrito você abre seus olhos para novos horizontes !
Espero que tenham gostado OSSSSS.

Um comentário: