quarta-feira, 11 de julho de 2012
Alguns fundamentos que podem melhorar o nosso Jiu-Jítsu
Bom dia amigos. Como estudante aplicado da nossa gloriosa arte-suave, resolvi postar - principalmente para os iniciantes – uma série de comentários, sobre alguns fundamentos que poderão ajudá-los incrivelmente no estilo de vida que escolheram. Aqui provavelmente não tem nada de mais, mas eu teria ficado muito satisfeito se alguém tivesse me falado isto no começo da minha jornada. Por isso, no melhor espírito do Jiu-Jítsu, de que devemos sempre com partilhar nossos conhecimentos, aí vai:
# FLEXIBILIDADE: Este fundamento é importante porque muitas posições no Jiu-Jítsu, principalmente por baixo, podem ser muito desconfortáveis. Uma guarda eficiente começa quando o guarde iro é capaz de aguentar todo tipo de amasso. Daí, como a frustração de quem está tentando passar aumenta bastante, é possível então que ele erre por se expor mais. Os alongamentos que levam a uma boa flexibilidade devem ser feitos antes e após o treino. A flexibilidade pode ser adquirida com alongamentos tradicionais após um bom *aquecimento.
# AQUECIMENTO: O aquecimento nunca deve ser negligenciado antes do treinamento pois é ele quem “lubrifica” o motor (seu corpo) antes de ser usado. Imagine que você acaba de acordar e vai para o treino e já cai nos rolas sem se preparar antes. Seu corpo ainda vai estar “todo duro” e para prepará-lo é preciso produzir movi mentação para aquecê-lo, de preferência utilizando movimentos similares aos que serão utilizados durante o rola. Já fiz rolas sem aquecimento diversas vezes e sempre saí com a sensação de que somente no último rola eu parecia estar com reais condições de lutar. Sem um aquecimento adequado o corpo não renderá tudo que poderia durante o treinamento. Sem falar que um correto aquecimento evita lesões e lhe fará agir com maior *agilidade. Exemplos que não podem faltar durante o aquecimento: entradas de quedas, fugas de quadril, drill’s em geral são ótimas formas de preparar o corpo com movimentos que serão executados durante os rolas.
# AGILIDADE: A agilidade não é necessariamente um fator preponderante, do ponto de vista físico, para um bom desempenho no Jiu-Jítsu, mas pode realmente ser um up grade para o atleta e/ou praticante que deseja destacar-se em competições ou mesmo durante os treinos. Vejam bem, quando digo que não é preponderante não quero dizer que deva ser negligenciado, apenas que muitos atletas mais pesados, muitas vezes, não são tão ágeis e ainda assim tê em um jogo tão justo que não dão espaços para ter que “correr atrás” do prejuízo. Por incrível que pareça (e isto a meu ver) a agilidade pode ser muito mais mental que física. Acompanhem o raciocínio: quem conhece bem o próprio jogo e está sempre um passo à frente ante os movimentos do adversário será ágil porque se antecipou em um, dois ou mais movimentos. Exemplo: você tenta um estrangulamento da montada já vislumbrando o armlock. Sabendo da possibilidade do oponente escapar também do armlock já havia pensado na omoplata e assim por diante. Uma forma de adquirir agilidade pode ser *mentalizando movimentos que poderá executar durante o combate, ou seja, imaginem o movimento planejado e a opção seguinte caso ele dê errado. Percebem? Quem vê de fora acha que você foi muito rápido (fisicamente falando) mas não vêem que você já tinha tudo planejado.
# MENTALIZAÇÃO: Quem nunca viu um filme onde o atleta fecha seus olhos mentalizando toda a ação que irá se desenrolar daí a instantes e, nos mínimos detalhes vai lá e faz como imaginou? A mentalização, principalmente nos estágios mais avançados, produz excelentes resultados. Digo estágios avançados, porque os iniciantes devem tomar muito cuidado com este método. Eu mesmo já mentalizei golpes que acreditava conhecer perfeitamente a mecânica e depois, para desenvolvê-lo corretamente foi muito difícil. Mesmo com os amigos chamando minha atenção, ainda hoje me vejo fazendo posturas erradas de golpes que já sei como funcionam de cor e salteado. O praticante avançado já fez muita repetição e tem o domínio correto da técnica pois do contrário, a técnica da mentalização pode ser desastrosa. A mentalização auxilia no reflexo do corpo. Este exercício funciona muito bem e você deve praticá-lo quando estiver tranquilo, sem nada pra fazer. Nesta hora procure uma posição confortável e veja-se fazendo os movimentos de forma correta nos mínimos detalhes. Evite “assisti-lo” em sua mente visualizando a realização do movimento do lado de fora do corpo. Veja-se como se estivesse realizando a posição naquele momento. Sinta o máximo de detalhes como o peso do oponente, por exemplo. Caso não conheça a técnica que está mentalizando, cuidado. Seu corpo poderá reagir da forma como mentalizou, e durante o combate, se você a tiver mentalizado errado, aí já era… Sem contar que para tirar a mania errada adquirida, vai ser difícil. Ah, você pode inclusive utilizar a mentalização para fixar na mente a *tática que irá utilizar durante o combate.
# TÁTICA: A tática visa antecipar o que pode ocorrer durante um combate e traçar uma estratégia que pode ser a melhor para determinado tipo de oponente. O lutador tático deve conhecer bem suas próprias fraquezas e virtudes e também as de seu adversário. Como disse Sun Tzu em A arte da guerra: “Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo não precisa temer o resultado de 100 batalhas”. Uma vez com essas informações você deverá decidir qual o caminho (pelo menos na teoria) seria o mais fácil para a vitória. Nosso Jiu-Jítsu deve sempre visar a finalização. Porém, se o oponente tiver uma *defesa muito eficiente, uma boa tática pode ser pontuar no início da luta e atacar mais no finalzinho para evitar surpresas como contra-ataques fulminantes. Um exemplo de utilização da tática: Ao analisar seu futuro oponente percebe que ele é um judoca e você é bom de guarda mas ruim de quedas. Não adianta nada cair pra dentro do cara querendo quedá-lo a todo custo, concordam? Neste caso, o melhor me parece treinar puxá-lo para a guarda e raspar caindo por cima.
# DEFESA: O Jiu-Jítsu brasileiro foi desenvolvido por Hélio Gracie com o intuito de defesa pessoal. Fico triste quando a defesa pessoal é deixada de lado em detrimento da parte esportiva, porque ambas são parte do mesmo Jiu-Jítsu e igualmente importantes. Mas falaremos disso em outra oportunidade, pois o que nos interessa aqui é justamente a defesa esportiva mesmo. Tenha sempre defesas afiadas pois quem não “perde”, ganha. Exemplo de defesa bem sucedida: Seu oponente está montado em você e tenta um armlock de qualquer jeito, sem atentar-se para a *técnica correta. Se a sua defesa estiver em dia, você pode girar o corpo para o lado correto e se desvencilhar do golpe, inclusive já parando nas costas do oponente em muitas oportunidades, iniciando então o seu contra-ataque.
# TÉCNICA CORRETA: Não pule etapas e aprenda a técnica correta (para os dois lados). Faça muitas *repetições para fixar bem a técnica. Caso um golpe não funcione passe para outro e assim sucessivamente. Procure sempre aprender técnicas que se “ligam” umas as outras. Por exemplo: da omoplata dá pra sair no triângulo e do triângulo dá pra sair no armlock da guarda. Pessa a seu professor que lhe ensine alguns golpes combinados, mas só depois de aprender a técnica isolada corretamente. Caso você não treine com muitos graduados, pode achar que está aplicando muito bem um golpe porque todos estão sendo finalizados por você. Mas, já reparou que muitas vezes golpes que sempre funcionam não entram nos mais antigos de Jiu-Jítsu? É porque, além de eles terem uma defesa muito boa, provavelmente não estamos executando a técnica corretamente. Lembrem-se que a técnica é perfeita. É o ser humano é quem erra.
# REPETIÇÕES: Repetição leva à perfeição o movimento executado e possibilita que o praticante não fique fazendo *força à toa. Sempre que nos deparamos com um movimento novo nosso corpo encontra dificuldades em adquirir e aceitar o mesmo. Esta resistência é natural e o desconforto no começo é comum. Porém, a boa notícia é que nosso organismo adapta-se a novos estímulos com certa facilidade. Existe um mecanismo interessante que chama-se “memória muscular”. É a repetição que levará seu corpo a adquirir esta memória e reagir instintivamente diante da possibilidade de realizar uma defesa ou um ataque. O único problema para que seu corpo reaja instintivamente é que ele precisa ter feito o mesmo movimento diversas vezes. Neste caso não adiante a técnica da mentalização, pois ela só deve vir depois que a técnica já tiver sido fixada corretamente na prática. Veja bem: quando você começou a fazer fuga de quadril os movimentos possivelmente eram “duros”, imprecisos. Com o tempo e a correta prática de repetição dos golpes, eles provavelmente passaram a ficar automáticos. Veja, não adianta querer ficar excelente no armlock da guarda e não pratica-lo inúmeras vezes até fixar muito bem.
# FORÇA: Antigamente, quando me perguntavam no trabalho ou escola o que era mais importante no Jiu-Jítsu, se era a força ou a técnica, eu, empolgadíssimo com as atuações de Royce Gracie no UFC respondia sem pestanejar: a técnica, claro! Hoje, vendo os rumos que o esporte tomou eu já andei repensando meus conceitos e responderia diferente à mesma questão: ambas! – eu diria. Se dois lutadores se enfrentam e eles possuem o mesmo nível técnico, a força realmente fará a diferença para um deles. Quando as técnicas equiparam-se a força fará diferença sim. Antigamente, nos desafios de Vale-Tudo, os lutadores de Jiu-Jítsu davam a vantagem do peso para qualquer oponente porque eles não conheciam a arte-suave. Mas hoje não dá galera. E é por isso que foram criadas as categorias de peso. Para ilustrar: lembro-me de quando os Jiu-Jitsukas (nome dado aos praticantes de Jiu-Jítsu) dominavam o cenário do MMA (sigla em inglês para Artes Marciais Mistas ou mesmo Mistura de Artes Marciais) nos primeiros UFC’s e daí vieram os Wrestlers, extremamente fortes e com conhecimento no solo. Aquele foi um divisor de águas. Foi uma época triste pois os brasileiros passaram a contabilizar diversas derrotas. Parecia ser o fim do Jiu-Jítsu naquela época. Bom, vamos ao ponto: como ganhar força? O modo mais tradicional é a musculação, mas para aqueles que não gostam, movimentos no solo utilizando o peso do próprio corpo podem ser muito intensos quando bem direcionados. Neste caso quanto mais energia para puxar peso melhor e para isto uma *dieta balanceada é muito importante pois sem energia, ninguém consegue se exercitar muito tempo.
# DIETA: É muito difícil um cara gordinho realizar os movimentos mais complexos do Jiu-Jítsu (falo por mim mesmo). A gente fica ali, amassando, amassando e quando cai por baixo leva bomba… é terrível. Sem falar que o gás vai embora muito mais rápido pois temos que carregar muito mais peso que os outros. Estou aprendendo a duras penas que uma dieta pode fazer toda a diferença na preparação de um praticante de Jiu-Jítsu. Uma dieta equilibrada pode levar o jiu-jitsuka a baixar de peso ou a ganhar peso (na forma de músculos e não gordura). De todas que eu citei, acredito por hora, que esta última seja uma das mais importantes, atrás apenas do *descanso. O próprio Rórion Gracie, filho mais velho do Grande Hélio, disse em entrevista que, se tivesse que escolher entre o Jiu-Jítsu e a Dieta Gracie optaria pela dieta sem dúvida. Um comentário desses de um cara que nasceu no tatame revela a importância de uma boa dieta para o ser humano.
# DESCANSO: Muitas pessoas ficam com remorso por que não treinam nos finais de semana também totalizando, assim, uma semana completa de treinos. Estes correm sério risco de adquirir overtraining em qualquer momento da carreira. O descanso é muitíssimo importante porque o organismo precisa de um tempo para recarregar as baterias e voltar com tudo. Após um descanso adequado o atleta volta com muito mais disposição aos treinos. De que adianta trabalhar a noite inteira e ir treinar de manhã por exemplo? Eu mesmo trabalho muito à noite e costumava ir treinar sem dormir e posso afirmar que não rende absolutamente nada. “Nunca deixe o descanso de lado!” – É o que venho me dizendo a algum tempo.
Escrito por Rick Renneg
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