quinta-feira, 12 de julho de 2012

BIOGRAFIA RICKSON GRACIE


Biografia Rickson Gracie



           Rickson provavelmente é o lutador que eu mais admiro. Não me entendam mal! Acredito que o Roger Gracie é o maior de todos os tempos, mas este cara aqui já fez coisas demais! Rickson Gracie foi criado para ser o campeão da família. O próprio Paulão Filho, quando estava no auge e ainda treinava na Brazilian Top Team deu um treininho com ele e saiu admirado. Na ocasião Paulão comentou que achava que o ponto forte de seu próprio jogo era a distribuição de peso e que Rickson provou por A mais B que ele distribuia o peso errado…

Vamos lá então…
Rickson nasceu no Brasil, no Rio de Janeiro a 20 de novembro de 1958. Faixa coral em Jiu-Jitsu brasileiro, é considerado uma lenda da “arte suave”. É o terceiro filho de Hélio Gracie. Sua família foi responsável pela criação de um sistema de combate denominado de “Jiu-Jitsu Brasileiro” ou “Jiu-Jitsu Gracie”, que basicamente usa o peso e a força do adversário contra ele mesmo. Essa característica da luta possibilita que um lutador, mesmo sendo menor que o oponente, consiga vencer. Outra característica marcante o diferencia de outras artes: suas avançadas técnicas de luta de chão, com as quais é possível finalizar um adversário por meio de quedas, estrangulamentos, torções (com ambos no solo).

Rickson e sua família venceram diversos desafios no Brasil durante décadas, numa época em que o vale-tudo era brutal, por isso a família Gracie é sinônimo de temidos lutadores, odiados e amados por muitos, mesmo no Brasil.  Foi na década de 80 que a família Gracie criou a prática de invadir academias de outras artes marciais e desafiar para lutas sem regras os mestres, na frente de seus discípulos de artes marciais (foi triste mas necessário para provar a eficiência da arte-suave perante as demais).

Década de 1970 e de 1980


Durante décadas, havia grande rivalidade entre os lutadores de Jiu-Jitsu e de luta livre, havendo assim, diversas lutas desde os primórdios do Jiu-Jitsu até os tempos atuais. Por diversas vezes, houve a invasão de academias.

A Família Gracie, conhecendo a eficácia do Jiu-Jitsu Brasileiro, promoveu durante décadas, desafios a “portas fechadas”. Chegavam a anunciar até mesmo nos jornais tais desafios prometendo recompensa para quem os vencessem nos desafios de Vale- Tudo

Os desafios de Rickson se davam dentro das academias ou nas ruas. Como exemplo de tais desafios, podemos citar um evento ocorrido nas praias do Rio de Janeiro, onde Rickson Gracie afirma ter vencido o duelo travado com Hugo Duarte, que acusa os lutadores de jiu-jitsu que acompanhavam Rickson de jogarem areia em sua cara durante a luta. Assim, posteriormente, um grupo de aproximadamente 30 lutadores de Luta Livre invadiram a academia de seu pai, onde Rickson treinava para espancá-lo. Hélio Gracie disse: “O Rickson vai lutar”, e assim ocorreu a revanche onde Rickson fora sagrado novamente vencedor.

Assim, nos anos 80, Rickson travou cerca de 231 combates (nacionais e internacionais), e afirma ter sagrado-se vencedor em todos por finalização. No Brasil, a rivalidade entre o Jiu-Jitsu e a Luta Livre era tamanha, que houve a necessidade de se provar ao público, qual arte marcial e lutador era superior, assim, foi organizada uma luta entre Rickson e o temido Rei Zulu, com isso, após Rickson Gracie vencer por duas vezes o grande Rei Zulu (que estava no auge e há 150 lutas invicto), nunca mais teve desafiantes a altura enquanto lutou.










Características de suas lutas
Rickson se declara invicto; polêmicas à parte, o fato é que muitas de suas lutas não têm registro. Mas é incontestável que Rickson possuía uma impressionante técnica e maneira peculiar de derrubar o oponente, sempre impunha a sua maneira de lutar frente aos demais com superioridade e conseguia anular facilmente seus oponentes, vencendo sempre por nocaute ou finalização num curto espaço de tempo. Nos campeonatos de Vale-tudo que disputou no Japão, foi consagrado vencedor, saindo de suas lutas totalmente ileso.

Carreira no Vale-Tudo e Legado


Antes de existir MMA, havia no Brasil as lutas de Vale-Tudo ; Rickson venceu lutas deste molde sangrento, em duelos nas ruas ou em lugares fechados (academias), e afirma ter vencido todas por finalização, ou nocaute técnico.

Rickson Gracie medindo 1,78 m e pesando 84 kg, venceu todos os campeonatos de vale-tudo que disputou como: Japan Free Style Championship 1994, Japan Free Style Championship 1995, Pride 1, Pride 4, Colosseum 2000, totalizando 11 lutas com 11 vitórias, todas por finalização. Rickson Gracie foi junto com seu irmão mais novo Royce Gracie, os maiores divulgadores do MMA no mundo no início deste esporte no início dos anos 90, Rickson fez sua parte no Japão, e Royce nos E.U.A, depois do sucesso dos dois irmãos, o vale-tudo foi ficando cada vez mais popular e se profissionalizou, se transformou em MMA, e não parou de crescer até hoje, sem contar que graças aos dois irmãos, é que o Brasilian Jiu-Jitsu se tornou um pré-requisito fundamental para qualquer atleta de MMA.

Apesar de Rickson estar invícto no MMA, nesse esporte não é considerado uma lenda e não é o grande nome da família. Seu irmão mais novo Royce Gracie, é o grande nome da família, tendo sagrado-se várias vezes campeão do UFC (o torneio mais difícil de Vale-Tudo naquela época, em meados dos anos 90), além de ter o melhor cartel da família nesse esporte. O fato que diferencia os dois irmãos, para os críticos, é que no início dos ano 90, Royce venceu no UFC oponentes mais duros e um torneio bem mais difícil que os torneios que o Rickson participou no início dos anos 90 no Japão, e quando lutou no PRIDE, Rickson só participou das primeiras edições enfrentando japoneses desconhecidos e muito inferiores técnicamente, e fez sua última luta no ano 2000 nos EUA, também contra oponente desconhecido. Além disso, Royce nunca negou desafio, tendo inclusive aceitado voltar a lutar depois de ter ficado parado por quase 4 anos no ano 2000, e fazendo diversas lutas até o ano de 2007, em um tempo que a cada ano o MMA evoluía de uma forma impressionante, fato que o Rickson não fez.

Primeiro, Royce voltou e lutou pelo PRIDE, enfrentando japoneses técnicamente melhores dos que o Rickson havia enfrentado, como Kazushi Sakuraba, conhecido como “exterminador de Gracies” e que chegou a vencer lutadores como Vitor Belfort, Vernon White, Carlos Newton, Guy Mezger e Quinton Jackson; e enfrentou também Hidehiko Yoshida, que chegou a vencer nomes como Mark Hunt. Royce aceitou mais um grande desafio, quando enfrentou em 2006 o até então campeão do UFC Matt Hughes, perdendo no primeiro round, e por fim, fazendo uma revanche com Kazushi Sakuraba em 2007 vencendo por pontos.

De 2000 a 2007, Royce oscilou entre vitórias e derrotas, mas aceitou voltar a lutar em um tempo em que o vale-tudo se transformou em MMA, e os lutadores eram muito melhores técnicamente que no passado, onde o Jiu-Jitsu passou a ser um pré-requisito para todos os atletas, e por isso, muitos renomados atletas da atualidade que observaram tais atitudes, concordam que Royce Gracie foi o membro da família Gracie que mais se destacou nos ringues do MMA, enquanto isso, seu irmão Rickson Gracie, procurava imacular sua imagem de vencedor, criando um marketing pessoal, e sem lutar no MMA moderno.


Rickson com sua vitamininha matinal
Mas com relação à discussão pelo fato de o Rickson ter parado de lutar justo quando o esporte estava evoluindo rápidamente, e quando finalmente ele teria oponentes à altura, diferentemente do Royce que voltou e aceitou o desafio, existe um argumento a favor de Rickson que deve ser levado em consideração. É que quando o Royce fez sua última luta no MMA em 2007, ele estava com 40 anos de idade, e quando o Rickson fez sua última luta no ano 2000, ele já estava com 41 anos, idade mais avançada que a do Royce quando resolveu parar. Então, Rickson não lutou mais após o ano 2000, mais por causa da idade já relativamente avançada, e não que ele tenha fugido dos desafios, já o Royce, por ser mais novo e poder ter lutado até uma época onde o MMA estava muito mais competitivo, leva a fama justamente de ser o membro da família que mais se destacou no MMA, pois acabou enfrentando desafios muito maiores.

O grande erro de Rickson para muitos dos críticos, foi não ter se aposentado oficialmente após sua última luta no ano 2000, e passar a década seguinte inteira fazendo um marketing pessoal falso, alegando por diversas vezes que poderia vencer qualquer oponente da atualidade facilmente e a qualquer momento, inclusive a grande lenda no MMA entre os pesos-pesados, o russo Fedor Emelianenko, mas no final das contas, Rickson nunca esteve realmente disposto a voltar. Após a morte de seu filho Rockson em 2000, nunca mais lutou.

Rickson afirma ser o melhor de todos os tempos no MMA. O Gracie sempre diz aceitar os desafios contra os melhores, porém sempre pede uma bolsa absurda que faz com que nenhuma organização se proponha a pagar. Muitos dizem ser essa uma maneira que o mesmo utiliza para fugir das lutas. Recentemente, Rickson disse que lutaria com Sakuraba, se sua bolsa fosse maior que de todos os outros lutadores de MMA. Disse o mesmo quando questionado da possibilidade de retorno ao UFC.

O Retorno


Em entrevista exclusiva a Denis Martin da Sherdog, Rickson confirmou seu provável retorno aos ringues em 2008 (mais provavelmente na modalidade K-1), quando completará cinqüenta anos de idade: “Se o preço for justo, voltarei a competir”.

Posteriormente, pelo fato de não ter conseguido entrar em acordo financeiro na modalidade K-1, em Novembro de 2008, Rickson decreta sua aposentadoria no mundo do MMA em entrevista exclusiva para revista TATAME: “Não vejo a possibilidade de lutar de novo”.

Rickson é muito criticado por dizer, aos 50 anos, que só lutaria se lhe pagassem um cachê maior do que o de qualquer lutador (“Não aceito ganhar menos que ninguém. Não aceito ganhar igual a ninguém”, disse em entrevista à SPORTV em 2008).
Controvérsias


Rickson, especula-se, tem até então uma derrota, no campeonato Americano de sambô de 1993, em Norman, Oklahoma, onde ele teria sido derrotado pelo americano Ron Tripp. (carece de fontes)

Apesar de um cartel invejável, Rickson evitou muitas lutas nos novos moldes do então MMA. Quando o jiu jitsu tornou-se um pré-requisito para qualquer lutador, Rickson Gracie passou a viver mais da sua imagem passada de vencedor, do que lutando nos ringues; enquanto seu irmão Royce Gracie, procurava manter sua invencibilidade – cada vez mais difícil – nos ringues do UFC, Rickson recusava lutas sob a justificativa de valores abaixo de sua expectativa.

Curiosidades

•De uma maneira amorosa, seu maior “rival” em sua infância foi seu querido irmão Royce Gracie; nas festinhas da família, Hélio Gracie, para demonstrar as técnicas dos meninos à família, os colocavam para lutar.

•Apesar de ser extremamente técnico, Nakai foi o único adversário mais leve que Rickson (71 kg).

•Na sua última luta em MMA, contra Funaki, Rickson se lesionou após receber um direto no olho, teve uma retração do nervo ótico e lutou sem enxergar com os dois olhos por um tempo.

•Rickson aprimorou o Jiu-Jitsu e criou técnicas novas, fruto de seus incontáveis combates.

•O grande campeão Randy Couture, antes de entrar no MMA, foi até a academia de Rickson para receber alguns ensinamentos dele, Rickson o finalizou facilmente diversas vezes seguidas.

•Rickson Gracie invadiu a academia de Marco Ruas, que posteriormente veio a ser vencedor do UFC para desafiá-lo, Ruas pediu 3 meses para se preparar e Rickson respondeu “Eu já nasci pronto!!”. Muitas lendas giram em torno disso. Para os fãs de Rickson, Marco Ruas correu do duelo. Para os fãs de Marco Ruas, Rickson correu do duelo.

•Seu maior adversário, foi a morte de seu filho Rockson, vítima de overdose. A partir desse momento, Rickson se abateu e nunca mais pisou nos ringues para lutar.

•Fez uma pequena ponta no filme The Incredible Hulk, no qual é instrutor de defesa pessoal de Bruce Banner.

Ponto de vista

Em seminário no clube do Flamengo, no Rio de Janeiro, na quarta-feira, Rickson Gracie ensinou diversas de suas técnicas de Jiu-Jitsu para jovens e adultos da faixa-branca à preta – como Kron e Kyra Gracie, filho e prima do mestre faixa-vermelha-e-preta, e Pedro Valente, professor da Gracie Miami. Rickson tirou diversas dúvidas dos alunos ao fim do seminário, na disputada seção Perguntas e Respostas, algo clássico em suas aulas. Um participante então pediu sua opinião sobre o Jiu-Jitsu esportivo. “O Jiu-Jitsu de competição representa apenas 30% do Jiu-Jitsu real. Sem os demais 70%, que incluem defesa pessoal em pé, defesa de socos, técnicas de clinche e guarda para vale-tudo, o praticante não desenvolve integralmente a confiança para andar tranquilamente nas ruas, certo de que pode sobreviver a qualquer eventual confronto”.

MATÉRIA COMPLETA DA REVISTA FAIXA PRETA SOBRE RICKSON GRACIE:

Vindo de uma família, que praticamente já nasce de quimono, Rickson Gracie é considerado uma lenda do jiu-jitsu. Mundialmente conhecido, este sobrenome agrega peso e muita, muita responsabilidade.
Rickson dispensa maiores apresentações, mas ele sempre assumiu uma postura de quem nasceu para vencer.
Desprovido de muitos apegos, ele gosta de pensar e analisar o ser humano.
Como já entrevistei seu pai, Hélio Gracie, pude perceber que Rickson mantém vivo o legado Gracie. Digo legado, não apenas pela parte física da coisa, mas, por outro lado, pelo prisma emocional e filosófico.
Hélio possuía um caderninho, onde estava escrito, quase, uma infinidade de adjetivos. Para cada um deles, ao lado, ele escrevia um conceito; uma explicação uma justificativa.
A partir dali, já se percebe o pensamento de um homem que foi o responsável pela criação de um jiu-jitsu, elaborado para o não uso da força. Esse jiu-jitsu deveria ser chamado Gracie Jiu-Jitsu, que foi aprimorado e, portanto, modificado, do jiu-jitsu inicial, praticado pelos monges budistas que atravessavam desertos e precisavam se defender de ataques. Entretanto, o jiu-jitsu acabou ficando, mundialmente conhecido como Brazilian Jiu-Jitsu. E a família Gracie famosa também, nos quatro cantos do planeta, devido, lá no início, quando Hélio desafiava lutadores para mostrar que o jiu-jitsu era uma arte marcial superior.
E isso acabou sendo confirmado pelas próprias lutas de Vale-Tudo, em que o jiu-jitsu aparecia, sempre, com muita eficiência.

Muitos membros da família são lutadores profissionais e professores, no Brasil e no exterior. Rickson mantém fiel a proposta do Hélio e dá exemplo de boa alimentação; conhecimento de si próprio e do ser humano, além de posturas e condutas na vida.
Rickson assumiu cedo a condição de um representante da família. As pessoas já se dirigiam a ele, desde criança, com determinados comentários, como: “Coloca o quimono…”; “você já sabe lutar?” ; “você vai ser campeão?”.
“Sendo assim, eu já absorvi desde garoto, esse conceito e pressão, ao mesmo tempo. Eu interiorizei que as pessoas estariam me olhando e que eu não poderia ser menos do que sou”, afirmou Rickson.
Apesar da pressão que sempre vivenciou por ser um Gracie, ele transformou essa energia, em esforço. Se havia algum sofrimento, este seria revertido para garra e determinação. Isso foi fazendo dele, um grande ídolo, que marcou gerações.
Devido à própria expectativa que foi criada, já no núcleo familiar, Rickson tem um grande auto-conhecimento; ele soube usar essa pressão para conseguir muitas vitórias.
O fato de ser Gracie também sempre gerou, nele, o estigma de ter um nome famoso que os outros não tem. Essa responsabilidade, sempre o obrigou a ser o melhor: treinar mais; se esforçar mais. Por ele ter uma boa estrutura emocional, o fez de forma sábia e segura.
Outro fator também presente no pensamento de seu pai e no seu é a questão da competição. Tanto para um, quanto para o outro, a competição acaba excluindo pessoas, que gostam de treinar, mas não possuem espírito competitivo. Em ambas opiniões, o jiu-jitsu tem um grande poder de modificar e equilibrar o ser humano. Quem é muito dono de si, pode se nivelar àquele que é mais humilde; o tímido é capaz de se soltar mais; aquele que usa força, vai ser capaz de perceber que a alavanca tem grande poder, enfim, que o jiu-jitsu pode nivelar uma turma e um ser humano.

O que fazer quando se luta com uma pessoa que acha que a força é o mais importante num treino de jiu-jitsu?
“Essa capacidade de entendimento profundo, do ser humano. A primeira atitude que tenho que tomar quando percebo que a pessoa está usando força é encontrar uma posição em que ele sinta uma certa impotência. Se essa pessoa achar que a força resolve o problema, ela vai, sempre, partir para a força. Outra alternativa que você pode fazer é cansar essa pessoa e deixá-la na exaustão . Aí eu pergunto: você, agora, está sem gás. Como vai resolver esta situação? Depois disso, ela vai começar a pensar de uma forma, que nunca havia pensado antes. Assim que essa pessoa tiver uma imagem despida de si própria, ela pode pensar num plano B.
Se você, acredita, que na hora do sufoco, existe um segundo plano. Quando o ser humano descobre isso, ele entra em contato com algo muito profundo, de si próprio. Ele encontra saída, onde esta parecia não existir.

Quais os benefícios que o jiu-jitsu pode trazer para a educação infantil?
Os benefícios para crianças, que o jiu-jitsu pode trazer, são inúmeros, seja no campo físico; intelectual e emocional. O jiu-jitsu atende a uma necessidade muito profunda do ser humano: que é de se conhecer.
O jiu-jitsu desenvolve auto-conhecimento das possibilidades; dos medos e, essencialmente, na sua capacidade de pensar sob pressão. Existem diversos fatores num treino: a pressão do oponente; as expectativas com o resultado. Todos os desconfortos fazem você ficar mais perto de situações trazidas pelo cotidiano. Existe um crescimento em cima dessa pressão; um ganho de maior estabilidade e auto-confiança. E com este crescimento, o indivíduo pode olhar para trás e dizer: “estou mais forte hoje, do que ontem”.
O jiu-jitsu aproxima as pessoas, não há frieza. Ele gera emoção; contato. O jiu-jitsu propicia a pessoa um nivel superior de conduta e condicionamento interno.
O conhecimento das suas reais necessidades é passado através do jiu-jitsu. Hoje, posso dizer que não consigo pensar o jiu-jitsu sem incorporá-lo às crianças.

O que você pensa a respeito do jiu-jitsu que é ensinado, hoje, nas academias?
A arte marcial pode se encaixar na vida de qualquer um, mas a competição, se encaixa na vida de alguns, daqueles que são favoráveis a isso. O lado da defesa pessoal abrange a família, como um todo. O chato disso tudo é que hoje, você entra numa academia de jiu-jitsu e dificilmente você vai ver um Programa de Fundamentos ou de Defesa Pessoal. Essa coisa muito “passa a guarda”, “sai de gravata”, treinamento competitivo é o que muito se vê. Não tiro o valor de um ambiente de competição, mas eu acho que a arte marcial atinge muito mais ao fraco e tímido do que apenas aquele grupo de pessoas que precisam apenas de um pouco mais de condição técnica. O jiu-jitsu tem muito a oferecer. Não podemos deixar que o extinto da competição seja a mola mestra dos treinos.
O que é, em sua opinião, ser um bom professor de jiu-jitsu?
O professor não pode ser aquele que se limita a mostrar posição. No jiu-jitsu, o professor é muito mais do que isso. Ele precisa ensinar como lidar com relações humanas. O jiu-jitsu prima pela eficiência e o professor, muitas vezes, acaba super valorizando isso e se esquece de formar o aluno em questões como respeito, por exemplo.
A partir do momento em que você abre a porta e entra um aluno, você acaba sendo responsável por ensinar alguma coisa para ele, que não se restringe, apenas, aos tatames e sim descobertas de si próprio e equilibrio. O professor precisa ter sensibilidade e fazer um trabalho individual. Eu não quero que meu aluno vá embora. Um, bom, professor de jiu-jitsu é um psicólogo. São atitudes baseadas no amor, porque ninguém deve estar ali apenas pelo dinheiro, da aula, e sim pelo amor ao que faz.
A minha idéia hoje é fazer as pessoas campeãs na vida: a pessoa que não conseguia olhar no olho, que passe a encarar. Isso para mim, vale mais do que muitas medalhas. Este valor agregado está sendo cada vez menos usado dentro do jiu-jistu. Essa é a minha missão e para o resto da vida.
Publicada na edição 31 da revista FAIXA PRETA DIGITAL.

Fonte: Wikipédia/Faixa Preta Digital

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